Compatilhe esta publicação: Twitter Facebook Google+

O Dia Internacional da Mulher teve uma celebração diferente este ano para 10 meninas de escolas públicas de Viçosa e Teixeiras. Elas foram escolhidas para participar de um projeto que visa capacitar alunas do ensino médio na cadeia produtiva de fármacos a partir da biodiversidade brasileira. Os projetos mais inovadores terão apoio de empresas para serem executados. Na prática, as ideias podem virar fármacos ou cosméticos obtidos a partir de produtos naturais e até chegar ao mercado em breve. E melhor ainda: as meninas podem se apaixonar pela ciência e se tornarem pesquisadoras em um futuro próximo.

10 moças jovens de pé lado a lado posam para foto em frente a uma placa cinza com o brasão da UFV. São seis meninas de escolas de Viçosa e quatro de Teixeiras

O projeto, que une ensino, pesquisa e extensão, é coordenado pela professora Reggiani Vilela Gonçalves, do Departamento de Biologia Animal (DBA), e pela pesquisadora Eduarda Pires Costa, do Departamento de Biologia Celular (DBG) da UFV. Por ser multidisciplinar, envolve pesquisadoras dos laboratórios de Patologia Experimental, Ecofisiologia de Quirópteros e do Museu de Zoologia João Moojen, ligados ao DBA. Também participam da proposta o Laboratório de Reprodução Animal e Toxicologia, do Departamento de Biologia Geral; o Centro de Conservação dos Saguis da Serra, do Departamento de Engenharia Florestal; o Laboratório de Biotecnologia Molecular, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, e o Laboratório de Análise de Vitaminas, do Departamento de Nutrição e Saúde. Ele também fortalece uma rede de pesquisadoras formada por instituições mineiras (as universidades federais de Viçosa, Juiz de Fora, Vales do Jequitinhonha e Mucuri) e de outras regiões do Brasil, como a federal do Rio Grande do Norte, juntamente com a universidade americana North Carolina State (NCSU), para preparar mulheres e meninas para atuar na indústria nacional de produção de insumos.

Em 2023, os professores e pesquisadores responsáveis pelos laboratórios treinaram estudantes de graduação e pós-graduação em conhecimentos sobre desenvolvimento de insumos e fitoterápicos contendo produtos de origem natural como bioativos. “Elas foram as disseminadoras da semente do conhecimento para as alunas das escolas públicas municipais e estaduais, por meio de workshops, palestras e gincanas”, lembrou a professora Reggiani. As 10 alunas de ensino médio selecionadas receberão bolsas do Programa de Iniciação Científica Júnior (Pibic Jr). Os grupos de estudantes deverão montar uma proposta com caráter inovador para o desenvolvimento de insumos obtidos a partir de produtos naturais. A ideia selecionada será colocada em prática e, em seguida, será feita a identificação dos compostos do extrato e a confecção do protótipo. “A partir do protótipo, faremos testes in vitro para demonstrar o efeito biológico e, logo após, a apresentação dos produtos para as empresas nacionais e internacionais e para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo e Minas Gerais, todos parceiros desta proposta”, explicou.

Várias moças jotens posam em duas fileiras. As da frente usam jaleco e estão abaixadas; as de trás estão de pé. A professora Reggiani (de vermelho, ao centro) com as pós-graduandas que serão tutoras das estudantes

Bom para o Brasil

De acordo com as coordenadoras, o projeto busca preparar mulheres cientistas para trabalhar na cadeia produtiva, dentro e fora da academia, para resolver um problema real no Brasil: a carência de insumos obtidos a partir de produtos naturais para a indústria nacional farmacêutica, cosmética e de suplementos. O Brasil possui 20% da biodiversidade mundial espalhada por seus biomas terrestres e ecossistemas marinhos. Apesar disso, os investimentos em inovação e tecnologia ainda são escassos, o que faz com que a exploração em prol do desenvolvimento de medicamentos ainda seja baixa. “A maior parte dos insumos é importada, sobretudo para o desenvolvimento de novos biocompostos”. Os produtos naturais, incluindo plantas, microrganismos e animais, constituem, direta ou indiretamente, uma fonte bastante atrativa e significativa para o desenvolvimento de novos fármacos, mas ainda estamos engatinhando neste processo”, afirmou a professora Reggiani.

A pesquisadora ressaltou ainda o caráter de inclusão social do projeto. Além do treinamento de habilidades técnicas, o trabalho em rede com empresas e instituições envolvidas também vai oferecer experiências interculturais e linguística por meio da vivência com equipes multidisciplinares.

O projeto Capacitando Mulheres na Ciência para atuar na indústria de insumos de produtos naturais: uma iniciativa inovadora e vencedora para a indústria conta com apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). As meninas selecionadas este mês são estudantes das escolas José Lourenço de Freitas, Santa Rita de Cássia, Alice Loureiro e Doutor Mariano da Rocha.

Comentários