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A pandemia mundial do COVID19 (da sigla em ingles Corona Virus Desease 19 – 2019, ano da descoberta) que já causou a morte de milhares de pessoas tendo infectado centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, e que escapou do  do controle das autoridades sanitárias, obrigou ao ativista social José Geraldo de Souza Castro, Zé do Pedal, 62, membro do Lions Clube de Viçosa, que estava fazendo uma caminhada de 12.000kms, empurrando uma cadeira de rodas, desde a Africa do Sul até o Egito, a paralizar o projeto.

Zé do Pedal, que na última terça feira regressou ao Brasil, procedente da Tanzania, fez o seguinte relato de sua experiencia: “O Corona vírus começou a ser problema na África, com alguns casos isolados porém, em todos os paises daquele continente. Apenas entrei na Tanzania e os membros do Lions Clubes de Dar Es Salaam me ligavam todos os dias para me colocarem a par dos novos casos e do avanço do vírus no continente, até que finalmente chegou a Arusha, cidade localizada aos pés do monte Kilimanjaro o que aumentou o receio com minha segurança pelos membros dos Lions Clubes do país, que passaram a me dar dicas de precaução.
Enquanto isso, os meios de comunicação local jogavam muita informação (sem muitos detalhes técnicos) sobre os casos que estavam aparecendo (principalmente na Europa) e mostrando que o virus chegou àquele país com um viajante oriundo de um país europeu.
Foi assim, com esta informação genérica, que comecei a ser hostilizado nos lugares por onde passava.
A população pensava que apenas os brancos transmitiam o vírus.
O pior momento foi ao chegar no pequeno povoado de Melela, distante 260km de Dar Es Salaam.
Ao perguntar a um motociclista onde ficava a igreja católica,  ele me deu a informação é saiu em disparada na minha frente.
Caminhei uns 150 metros e comecei a ver o resultado da sua pressa, ele gritava para as pessoas que o “Muzungu” (homem branco) trazia o Corona vírus para o vilarejo: As pessoas paradas nas esquinas, nas portas e janelas com panos cobrindo o nariz para me verem passar.
O caminho para a igreja era um labirinto e a cada pessoa que perguntava onde era a mesma (sempre a uns 8 ….10 metros de distância) apenas apontavam com o dedo na direção.
De repente o motociclista apareceu e começou a me falar, falar não,  gritar em alto e bom som, em suwahili (idioma da Tanzania, que eu pouco entendia).
Ao chegar à igreja as pessoas corriam para dentro dela. E as portas fechando atrás delas.
Peguei o caminho de volta e as pessoas começaram a me jogar pedras. Foi quando resolvi usar a poderosa arma que tinha: a do corona.
Dei um galope em direção aos que atiravam pedras e pronto…todos correram para suas casas.
Voltei pelo mesmo caminho até chegar a um hotel, sempre observado atentamente pelos moradores.
Toquei a campainha diversas vezes e ninguém atendia.
Enquanto aguardava no portão apareceu um senhor que falava inglês e me explicou a situação. Em seguida chamou o oficial da Polícia e o gerente da Vila.
Foi tensa a negociação,  ate que disseram que iam chamar um médico. Agradeci sorrindo e disse que estava bem, que aceitava a ideia pois assim deixava a população tranquila.
Enquanto aguardava o policial me perguntou quando havia entrado na Tanzânia, respondi primeiro de março e informei que aquele periodo era tempo suficiente pro virus se manifestar.
O policial pediu o meu passaporte para verificar a autenticidade da informação.
15 minutos depois ela falou para o centenar de curioso ao redor que o Muzungu não tinha corona.
Me acompanhou até outro hotel e quando fui jantar, mesmo acompanhado do policial, fui servido com um pouco de resistência.a seguinte, consegui caminhar os 40kms de Melela a Morogoro, porém, sem conseguir comprar comida.
Foi quando, seguindo recomendações do Governador do Distrito, resolvi interromper o projeto, por razões de segurança, e retornar imediatamente ao Brasil”. Concluiu Zé

Zé do Pedal estava caminhando uma média de 40 quilômetros por dia, para cobrir, em um ano, a distância de 12 mil quilômetros, desde a África do Sul até Alexandria, no Egito (Norte da África), desde o dia 3 de novembro de 2019.

Empurrando uma cadeira de rodas, ele saiu de Jagersrust, uma pequena vila nas montanhas na provincia de Kwazulu –Natal, na África do Sul, para cruzar 11 países da Africa – África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia, Malawi, Tanzânia, Quênia, Etiópia, Sudão e Egito, exatamente na cidade de Alexandria, dando um total de mais de 17.000.000 de passos durante o percurso, quando anotará as barreiras que a pessoa com deficiência encontra no seu dia a dia.

Até a paralização do projeto, na cidade de Morogoro – Tanzania, Zé do Pedal completou 4800kms – 40% do trajeto total, depois de percorrer a África do Sul, Lesoto, Suazilândia, Zimbábue, Zâmbia, Malawi e parte da Tanzânia, enfrentando forte calor – 45 graus na Swazilandia, fortes chuvas que causaram destruição e morte em boa parte da África do Sul e seca extrema no Zimbabwe.

“Apesar de ter interrompido a caminhada, estou muito feliz com o resultado pois em todos os lugares por onde passei fui recebido com carinho e alegria pelas pessoas. Mesmo com as dificuldades dos idiomas nativos as pessoas procuram uma maneira de comunicar comigo. O episódio de Melela, foi uma situação fora de contexto e entendo o desespero e o medo daquelas pessoas”. Pontualizou
Durante sua caminhada Zé do Pedal faz palestras em escolas, visita associações que defendem a causa da Pessoa com Deficiência (PcD) e Lions Clubes nas cidades por onde passa. Dois dias antes de paralizar o projeto ele fez palestra para mais de 700 crianças em uma escola rural.

Um dos momentos mais dificeis para o ativista foi sua passagem pelo  Zimbabue, Zé do Pedal, informou que o pais enfrentou uma das piores secas dos últimos anos e ficou estarrecido com a quantidade de animais domesticos mortos devido à seca prolongada “a cada quilometro que eu andava, via carcaças  de bois, cavalos, cabritos e jumentos à beira da estrada devido a falta de chuvas”. declarou, informando ainda que “pelo menos mais de 200 elefantes, e outros animais silvestres, já morreram de fome e sede nos últimos 6 meses tanto no Parque Nacional de Hwange quanto no Parque Nacional de Mana Pools”. Este último, localizado no norte do país e na rota do ativista foi declarado Património Mundial pela UNESCO.
Muitos animais sairam dos parques em direção a zonas habitadas, à procura de comida e água, provocando a morte de 33 pessoas este ano, de acordo com a agência que gerencia os parques.
Porém, um dos piores momentos da caminhada foi quando parei em um pequeno vilarejo para descansar e uma jovem mãe, com seu pequeno filho às costas, começou a me contar sobre as dificuldades que era estar ali. Quando comentei a minha tristeza em ver tantos animais mortos devido à seca ela disse: Dá vontade de morrer também. Aqui não tem espectativa nem futuro para meu filho. Não tem água, não tem comida.

O ativista informou que o Projeto “Walking Africa – A World for Them” (Caminhando África – um mundo para eles), tem por objetivo chamar a atenção para um dos principais problemas que afetam as pessoas com deficiência em todo o mundo – as barreiras arquitetônicas – e conscientizar as pessoas, a terem mais respeito com as pessoas com deficiência. Para José, só mesmo eliminando as barreiras arquitetônicas e sociais que dificultam a participação ativa das pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida social, o mundo será mais justo e humano.

Dividido em sete etapas, o projeto será focado principalmente em ministrar palestras nas escolas das comunidades visitadas para atrair a atenção das crianças acerca dos principais problemas que afetam as pessoas com deficiência: “As pessoas com deficiência não querem piedade, mas igualdade, dignidade e respeito”, afirma o Zé.
Dentre as metas que o ativista procura alcançar constam combater os estereótipos, os prejuízos e às práticas nocivas respeito das pessoas com deficiência, incluídos os que se baseiam no gênero (bullyng); Promover a tomada de consciência respeito da capacidade das pessoas deficiente, em relação com o mercado e o lugar de trabalho; Estimular os lideres dos municípios visitados a promoverem programas de sensibilização sobre as condições das pessoas com deficiências e os seus direitos; incentivar os governos locais a promover programas de conscientização sobre as condições das pessoas com deficiência e seus direitos; aumentar a conscientização sobre o respeito pelas pessoas com incapacidade física; promover em todos os níveis do sistema educacional o respeito ao direito das pessoas com deficiência; e incentivar a sociedade a refletir sobre a realidade das pessoas com deficiência, contribuindo assim para a redução do estigma, discriminação e marginalização daquelas pessoas. com deficiência e outras deficiências.
A sugestão de padrões técnicos, com o objetivo de remover barreiras do planejamento urbano e arquitetônico de prédios públicos e privados, instalações coletivas (banheiros, caixas eletrônicos, etc.) e vias públicas, também consta no projeto. José lembra que, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 500 milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo – um décimo da raça humana – e 80% das pessoas com deficiência vivem em países em desenvolvimento. O ativista divulgará também o projeto da Special Olympics (Olimpíadas Especiais).

Com foco na Pessoa com Deficiência Intelectual, a Special Olympics baseia-se na crença de que pessoas com deficiência intelectual podem, com instruções e incentivos adequados, aprender, aproveitar e se beneficiar da participação em esportes individuais e em equipe. A Special Olympics também acredita que, através de milhões de atos individuais de inclusão, onde pessoas com e sem deficiência intelectual são reunidas, mitos antigos são dissipados, atitudes negativas mudadas e novas oportunidades para abraçar e celebrar pessoas com deficiência intelectual são criadas, inspirando pessoas de todo o mundo a abrir suas mentes para aceitar as pessoas com deficiência intelectual.

Esta é a segunda passagem de Zé do Pedal pela África. Entre 10 de maio de 2008 e 5 de junho de 2010, ele realizou sua primeira viagem transcontinental em um Kart a Pedal, passando por 23 países da Europa e África em direção à Copa do Mundo de futebol “África do Sul 2010”. O objetivo daquela viagem foi o de: chamar a atenção da comunidade internacional para a campanha mundial do Lions Club International, “sigth first”, de combate à catarata e glaucoma.

Um pouco do Zé do Pedal
Fotógrafo, técnico em turismo, ativista social, ambientalista e ciclista, o mineiro de Guaraciaba e cidadão honorário de Viçosa, também em Minas Gerais, a historia de José Geraldo de Souza Castro, o Zé do Pedal, começa em novembro de 1981, quando decidiu viajar do Brasil à Espanha, de bicicleta, para assistir a copa do mundo de futebol “Espanha ‘82”, onde a Seleção brasileira, não teve muita sorte. De volta ao Brasil, foi imaginando uma volta ao mundo em bicicleta. Imaginou e cumpriu. A partir dai, não parou mais. De lá até o momento, visitou 78 países em cinco Continentes; percorreu 145.000km a “base de pedaladas”; assistiu a três copas do mundo de futebol; passou por quatro guerras civis; enfrentou chuvas torrenciais, terremotos e sobreviveu a cinco furacões; venceu uma maratona, em Lima, Peru; conheceu ilhas paradisíacas e vivenciou os sofrimentos de crianças e adultos em campos de refugiados da guerra do Vietnam; conheceu a seca, a fome e a miséria dos povos da África e do povo nordestino do Brasil. Em contrapartida, conheceu lugares que marcaram a historia, como: Torres Gêmeas, Pirâmides do Egito, Parthenon de Atenas, Torre Eiffel, Taj Mahal, a ponte sobre o Rio Kwai-Ai, Torre de Pisa, e tantos outros. Enfim, suas viagens foram grandes aulas de geografia, historia e, principalmente, uma aula de vida.

Cronologia

– De bicicleta até a Copa do Mundo (1981/1982) – Saindo do Rio de Janeiro, ele atravessou a América do Sul, Central e do Norte, voou até a Inglaterra e foi pedalando pela Europa até a Espanha. Minutos antes da chegada dos jogadores para a Copa de 1982, chegou de bicicleta em frente à concentração da seleção brasileira. Este fato chamou a atenção de jornalistas do mundo inteiro, fazendo-o ganhar notoriedade no Brasil. Foi neste momento que ele recebeu o apelido de Zé do Pedal.

– Volta ao mundo de bicicleta (1983/1986) – Logo que retornou da Espanha, decidiu dar a volta ao mundo de bicicleta. Nesta viagem, divulgou uma campanha de Combate ao Câncer nos 54 países pelos quais pedalou. O fim da aventura se deu no México, onde novamente assistiu a uma copa do mundo de futebol.

Japão em um velocípede (1985) – Durante a “Volta ao Mundo”, cruzou o País do Sol Nascente em um velocípede infantil, enquanto chamava a atenção da mídia para a condição das crianças na Etiópia.

– De Chuí a Brasília em um velocípede (1987) – Após conhecer o mundo, Zé decidiu viajar pelo Brasil. Optou, novamente, pelo velocípede, e cruzou o Brasil para chamar a atenção dos parlamentares constituintes para as condições sub-humanas das crianças do nordeste.

– América do Sul em uma motocicleta (1996) – Em uma motocicleta, percorreu 8 países da América do Sul: Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai e Bolívia. A viagem foi uma comemoração do seu vice-campeonato de motociclismo no Equador.

– Pedalando no Velho Chico (2002) – Viajou por todo o Rio São Francisco, em um barco tipo pedalinho, de Três Marias (MG) até o Pontal do Peba (AL). Nesta viagem, procurou chamar a atenção do país para a poluição do Rio São Francisco.

– Da Liberdade ao Cristo (2004/2005) – Saindo da estátua da liberdade, em Nova Iorque, Zé tinha o objetivo de chegar ao Rio de Janeiro, percorrendo a costa litorânea das Américas em um barco a pedal. Nesta aventura, buscava alertar a comunidade internacional para a poluição das águas do planeta. Entretanto, na cidade de Dzilam de Bravo, no México, 18 meses depois da partida, sua embarcação sofreu danos irreparáveis ao enfrentar o furacão Rita, impedindo o término da viagem. Pedalou cerca de 10 mil dos 23 mil quilômetros programados.

– Zé do Pedal 50 anos (2007) – Na comemoração de seus 50 anos, construiu uma embarcação a pedal feita com garrafas pet, um quadro de bicicleta encontrado em um lixão e algumas barras de aço. Com ela, realizou uma inusitada travessia da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para chamar a atenção para a poluição das águas e a importância do Protocolo de Kyoto.

– Extreme World (2008/2010) – Em um kart a pedal, viajou da França até a África do Sul. Nesta aventura, de cerca de 17 mil quilômetros, divulgou uma campanha internacional de combate ao Glaucoma e à Catarata em países pobres.

– 2014 “Extremas Fronteiras, Barreiras Extremas” – Cruzada pela Acessibilidade – Uma caminhada, de 10.700km, dando 15 milhões de passos, empurrando uma cadeira de rodas, de Uiramutã, (RR) fronteira norte com a Venezuela, até Chui (RS). Visitando 327 cidades de 20 estados, visando conscientizar o povo brasileiro sobre um dos principais problemas que afetam às pessoas com deficiência: as barreiras arquitetônicas.
Saiba mais: www.zedopedal.com.br  

 

 

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