Compatilhe esta publicação: Twitter Facebook Google+

Delegação da província de Shandong solicitou intercâmbio para fortalecer relações comerciais e conhecer tecnologias, sistemas de produção agropecuária e defesa sanitária animal do Estado

Uma comitiva chinesa formada por representantes do setor agropecuário da província de Shandong foi recebida pela secretária Ana Valentini, na quarta-feira (27/11). O objetivo da visita foi conhecer a produção dos principais produtos exportados por Minas Gerais ao país, a exemplo da soja, açúcar e carnes.

Além disso, os chineses solicitaram informações sobre o trabalho de defesa sanitária animal e vegetal realizado pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), pesquisas desenvolvidas pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) e ações coordenadas pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), instituições vinculadas à Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).

Nos últimos dez anos, a China saiu do sétimo para o primeiro lugar no ranking de países importadores de produtos do agronegócio mineiro. Dos US$ 7,9 bilhões exportados em 2018, US$ 1,95 bilhões – o que representa 24% da participação de mercado – foram para o país asiático. No acumulado deste ano, de janeiro a outubro, as exportações já registram US$ 1,57 bilhões.

No comparativo de 2018 com 2019, houve incremento nas exportações de carne bovina (18%), frango (74%), açúcar (166%) e couro bovino (71%) para a China. Segundo o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa, João Ricardo Albanez, a meta agora é incluir o café nesta lista. “Minas Gerais é o maior produtor de café do Brasil, respondemos por 52% da produção nacional, e ficaríamos muito felizes se vocês substituíssem o chá pela nossa bebida”, sugeriu.

Albanez também apresentou outros destaques mineiros na produção nacional, como a batata (1º lugar), alho (1º), leite (1º), feijão (2º), cana-de-açúcar (2º) e a laranja (3°). Mesmo não compondo a cesta das maiores produções do estado (6° lugar), a soja é o principal item exportado para a China.

Assim como Minas Gerais, Shandong possui uma produção agropecuária expressiva. A província ocupa 6% do território chinês, totalizando uma área de 159 mil quilômetros quadrados, e a população estimada é de 100 milhões de habitantes, distribuídos em 16 municípios. Responde por 24% das exportações do agronegócio do país, sendo os principais produtos as carnes de coelho e frango, amendoim, frutas e verduras.

Um dos gargalos, apontou Tang Jian Jun, secretário de Agricultura de Shandong, é o elevado custo de produção. “A produção da nossa carne de frango é 30% mais cara do que a do Brasil. Nos falta matéria-prima para a fabricação de ração, como o milho e outros cereais”, exemplificou.

Defesa sanitária

Outra preocupação compartilhada pelos integrantes da comitiva foi com relação ao surto de peste suína africana na China, que surgiu em agosto de 2018 e obrigou criadores a abaterem mais de 1 milhão de animais. Em volume, representa mais do que o triplo que o Brasil produz por ano. O país é o maior produtor de carne suína do mundo, com cerca de 54 toneladas/ano.

O diretor-técnico do IMA, Bruno Rocha, apresentou as ações de defesa sanitária do Estado, ligadas à prevenção, controle e erradicação de doenças em animais e vegetais. De acordo com ele, Minas Gerais possui reconhecimento nacional pelo efetivo controle sanitário que possui. O estado é considerado livre das principais doenças que acometem o mundo, especialmente em relação aos animais de produção. “O Brasil é um país livre da peste suína desde 1984”, garantiu o diretor-técnico.

O estado possui mais de 20 granjas de reprodutores suínos certificadas, pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), pela ausência também de doenças como a tuberculose, a brucelose e a erisipela. Esses estabelecimentos são os grandes fornecedores de animais reprodutores de reposição para as mais de 1,3 mil granjas comerciais de Minas Gerais.

Oportunidades

 A recente habilitação pela China de novos frigoríficos para exportação de carne suína brasileira animou os produtores mineiros. Mesmo Minas estando fora da lista, a gerente da Associação de Suinocultura de Minas Gerais (Asemg), Bianca Costa, aposta no aumento das vendas. “Como os estados do Sul estão exportando, deixam de vender para Minas e isso melhora o preço para o produtor. Hoje, o custo de produção do quilo de suíno vivo está na faixa de R$ 3,50 e o preço de venda, em média, R$ 6”, comemora.

O presidente da Federação Mineira de Apicultura (Femap), Cézar Ramos, ressaltou a importância da reunião e disse que “a China é um mercado promissor para os produtos apícolas”. “As exportações têm crescido, há interesse dos produtores mineiros em exportar e dos empresários chineses em comprar, especialmente a própolis verde. Porém, temos enfrentado barreiras comerciais impostas pelo governo chinês, que, acredito eu, passam a ter grande possibilidade de serem revistas depois deste encontro”, aposta.

O secretário de Agricultura Tan Jian Jun compartilhou que os hábitos de consumo dos chineses estão mudando, e que acredita que a demanda por café e queijo vai aumentar nos próximos anos.  “Ficamos muito impressionados com tudo o que nos foi apresentado. Nossa intenção é nos aproximarmos mais dos mineiros, por meio de intercâmbios para compartilhamento de informações técnico-científicas e da intensificação do comércio entre Shandong e Minas Gerais.”

A secretária Ana Valentini também tem boas expectativas para a parceria. “Temos, neste momento, dois servidores da Seapa na China, que viajaram a convite do governo do país para participarem de cursos na área de segurança alimentar, conhecerem a legislação sanitária chinesa e o sistema de processamento de algumas fábricas, entre outros treinamentos. Tenho certeza de que eles retornarão com informações importantes para o desenvolvimento da nossa agricultura, assim como estão compartilhando casos de sucesso que temos em nosso estado. Os chineses já são grandes compradores dos nossos produtos e o trabalho agora é intensificar, ainda mais, as exportações”, analisa.

Comentários